6.5.17

Idiossincrasias politicamente erradas

Não fossem eles estar mortos, eu seria um grande amigo do Stuart Mill e do Karl Marx. Tenho os seus ideais em grande estima. É pena que hoje em dia, quando se fala em comunismo, quando se fala em esquerda, quando se fala em igualdade, liberdade e felicidade, estes meus dois compinchas se remoam às voltas no caixão. Eles e não só. Os Capitães de Abril nem conseguem dormir sabendo que o 25 de Abril é celebrado todos os anos, e ainda assim, os portugueses têm dificuldade em reconhecer liberdade de expressão (por vezes tendem a confundi-la com falta de educação) e alguns até desejam o retorno do Salazar. É por isso que eu não ando de táxi.
E nem vou falar explicitamente de humor. Isso levaria um dia inteiro. E também não falarei daquela panóplia de ignóbeis que apoiam que se responda a palavras com violência física (como foi o caso de, vejam só, um Papa). Nem daquela cornucópia de sórdidos que após um atentado ou morte de alguém (independentemente de ter feito uma piada, apoiar um ideal ou clube diferente ou seja lá o que for) opinam dizendo que esse alguém "se pôs a jeito". Essa gente, como foi há uns tempos o caso do Gustavo Santos sobre o jornal satírico Charlie Hebdo, lembra-me aquelas bestas que dizem: "As gajas põem-se a jeito a andar de mini-saia e depois não querem ser violadas? É bem feita, badalhocas." Trata-se de estupidez ao mais alto nível. E pior do que ficarem ofendidas, as pessoas pensam que têm o direito de não se ofenderem. E por isso denunciam. Eu cá recomendo algo mais simples. Não mexam. Deixem o estúpido ser estúpido. Imaginem o mundo como uma selva. Se avistarem um urso ao longe não se vão meter com ele, certo? Até porque isso também seria estúpido.

Agora vou cingir-me às coisas simples. Para terem noção, em Portugal o piropo é crime. É parvo, não é? O piropo, na maioria dos casos, deveria ser considerado estupidez. A partir do momento em que é crime, estão a criminalizar a estupidez. Como é que esperam que a gente reconheça os idiotas na rua para podermos fugir deles? Pensam que estão a defender milhares de mulheres quando na verdade estão a olhar a sociedade feminina como algo frágil que necessita constantemente de protecção. E a mim sempre me disseram e provaram que protecção a mais nunca deu resultado. O mesmo acontece com o "politicamente correcto". É das coisas mais bizarras de sempre. Primeiro, porque explicar esta medida é ainda mais difícil do que explicar a estupidez que a compõe. Segundo, porque o "politicamente correcto" tenta implantar diferentes dogmas na mente humana, na tentativa de alcançar a imparcialidade e levar-nos a pensar que tudo isto se trata de uma evolução. Não queria arruinar o suspense, mas não é. O conceito "velho" supostamente evoluiu para "sénior". Sim, como que se os velhotes não fossem capazes de ripostar contra esta terrível palavra: "Velho? Meu Deus, que atrocidade". Depois, "sénior" evoluiu para "velho" pois chegou-se à conclusão de que estavam a ser demasiado piegas e não se deveria ter vergonha em envelhecer.

Em suma, "velho" é uma evolução de "velho". Se isto é evoluir, então basta-me estar sentado. Se evoluído é sinónimo de inalterado, então eu estou em constante regressão desde que nasci. Tanto a esquerda como a direita olham este assunto de forma, a meu ver, errada. Uma pessoa nem sabe para que lado se irá virar. Que vale existem uns tipos que se dedicam a mostrar o quão tudo isto é parvo. São os chamados humoristas. Conheço, acompanho e aprecio bastante todos eles. Um músico, independentemente do seu estado alcoólico e taxa de estupefacientes, consegue levar o público aos céus e fá-lo acreditar que tudo é possível, tudo é bonito e encantado. O humorista, com a sua veia mordaz e impiedosa, encarrega-se de assentar os pés no chão e desapertar os parafusos da máquina que controla os iludidos: "Olha, vês? Vês como o teu mundinho não passa de uma parvoíce? Vá, desce à Terra". Tudo isto só para ver o rosto de uma pessoa a rir-se da palermice do mundo. É uma sensação gratificante. Não percebo porque é que o sistema teima em levar-nos a tribunal sempre que desapertamos mais um parafuso. Se calhar tem inveja do nosso sex appeal. Por azar, há esta coisa que é comemorada anualmente intitulada liberdade de expressão. Coitado do sistema.

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