24.5.17

Gosma poética



"Credo, que nariz peludo. Espera lá, isso é muco? Ai, que nojo. Estou todo peganhento. Logo hoje que estava com o meu vestido branco de casamento. Seu porco ranhoso"

Então não é que agora haverá um filme sobre emojis. Mas isto agora é assim, tudo à bruta? Tudo fala, tudo sente? Emojis? A falar línguas e a sentir sentimentos como nas telenovelas? Já não bastava terem feito isso com os animais e com os brinquedos? Relembro até que há um filme sobre os sentimentos humanos que também falam e têm os seus próprios sentimentos. Para quem já viu a Alegria triste e a Tristeza alegre, ver um emoji do cocó a realizar outro tipo de necessidades no grande ecrã não será surpresa nenhuma.

Tudo isto começou com o flagelo dos pais que usam os bebés para praticar ventriloquia. Não pactuo com a ideia de uma mãe a dizer ao marido o seguinte: "Ó papá, não te esqueças de aquecer o meu leitinho". E perturba-me que um pai diga: "Ó mamã, vem cá ver se eu fiz cocózinho". Para me vingar desta atitude, espero que a criatura chore e armo-me também em ventríloquo: "Ó papás, alguém que me dê um murro no bucho e me atire contra uma parede juntamente com o meu biberãozinho".

Se é para dar voz a seres inanimados, dêem voz a objectos que realmente precisem de desabafar. Por exemplo, um lenço de papel: "Credo, que nariz peludo. Espera lá, isso é muco? Ai, que nojo. Estou todo peganhento. Logo hoje que estava com o meu vestido branco de casamento. Seu porco ranhoso". Sugiro até que dediquem músicas e poemas ao muco nasal e à gosma que se gera. Eu, que estou a estudar Cesário Verde (cor do ranho), preferia esmiuçar o valor expressivo das metáforas relativas à gosma do que as relativas às mulheres citadinas. E faria mais sentido. O Cesário era um poeta que adorava o extraordinário. É um homem que basicamente começa os poemas triste e a beber absinto, e acaba-os feliz e a contemplar uma mulher. Seria perfeitamente normal se principiasse um poema constipado e o termina-se a contemplar a gosma esverdeada que navega no seu lenço de papel. O segredo da poesia está na gosma. Um poeta que se dedique ao estudo da nhanha é um artista nato.

Para terminar, vou falar por intermédio de uma cadeira: "Espero bem que me calhe um magricelas. Oh, diabos. Não, por favor. Este rabo gordo não. Não, não!"

ESTA CRÓNICA ESTÁ TAMBÉM DISPONÍVEL NO JORNAL TVS (O SEMANÁRIO MAIS LIDO DO DISTRITO DO PORTO). VISITEM O SITE DO TVS E NÃO SE ESQUEÇAM DE DEIXAR UM "GOSTO" NA PÁGINA OFICIAL DO JORNAL.

PARTILHEM NAS REDES SOCIAIS. É FÁCIL, RÁPIDO, GRATUITO E EU AGRADEÇO IMENSO.
COMENTEM EM BAIXO A VOSSA OPINIÃO.

NO TELEMÓVEL:
ADICIONEM UM "G+1" E SIGAM NO GOOGLE +.

NO COMPUTADOR (VERSÃO WEB):
SIGAM O BLOG, EM  "SEGUE O BLOG (É DE GRAÇA)", À VOSSA DIREITA;
SIGAM NAS REDES SOCIAIS APRESENTADAS À VOSSA DIREITA (FACEBOOKYOUTUBETWITTERINSTAGRAMGOOGLE +BLOGS PORTUGAL).

OS COMENTÁRIOS SÓ SÃO VISÍVEIS NO TELEMÓVEL.

NO COMPUTADOR PODEM DESFRUTAR DE MÚSICA DE FUNDO, UM MELHOR VISUAL E DETALHE, E É POSSÍVEL VISUALIZAR O NÚMERO DE VISUALIZAÇÕES/RANKING NACIONAL DO BLOG.