Acordei. Era uma linda manhã de Primavera e o Sol sorria-me à janela. Preparava-me para tomar um delicioso pequeno-almoço ao som dos pássaros a cantar, até que... Fezes! Ao início ainda pensei que fosse o meu aniversário. Perguntei então ao meu subconsciente:
- Ó Sr. Subconsciente, faz hoje anos desde que nasci?
- Não. Nem me lembres desse dia. Até me dá calafrios.
Arrepiado com as más memórias do meu subconsciente, percebi finalmente o que se passara. A cadela presenteou-me com fezes matinais num dia normal. Pior, a badalhoca de quatro patas ainda teve a decência de desviar o focinho como que se a culpa não fosse dela. Mentirosa, aposto que também foi ela que (por falar em castanho) comeu o último pedaço de chocolate que havia. Adiante, fiquei a remoer sobre o assunto e afinal tudo aquilo fora uma coincidência. Nestes últimos dias, vários acontecimentos começaram lindamente, contudo findaram em cócó. Que hei-de fazer?
Deveria ter percebido logo quando o Bruno de Carvalho renasceu a palavra "bardamerda". Por coincidência do diabo, nesse mesmo dia fui a um bar beber uns copos e, bardamerdices à parte, era um bar de merda.
Depois, na Gala Prémio Autores 2017, os Capitão Fausto vencem a condecoração de melhor música com a maravilhosa cantiga Amanhã Tou Melhor. Vejamos agora um verso da música: "Amanhã 'tou melhor/ mas ontem 'tive na merda." Lindo.
De seguida, um vídeo fez e ainda faz furor no YouTube. Dito assim parece normal, no entanto, o vídeo consiste num homem a levantar o médio (o dedo do meio, aquele mais usado, sobretudo face à arbitragem. Fazer um pirete) durante a missa. Dada a descrição, já todos devem ter percebido aonde é que o homenzinho queria destinar o tipo que o filmava em plena missa. Eu cá gostei principalmente da reacção da mulher à sua direita: "Chiça, que 'dedão'. Quem dera ao meu José." A questão que se coloca é: Quem foi o bardamerda que se lembrou de gravar uma gravação da missa? Ainda há quem veja a missa na televisão? E quem ainda vê sabe como gravar cenas e coloca-las na Internet?
Por fim, na aula de Português concluímos a análise da intriga secundária d'Os Maias, que também principia magnificamente, mas termina em cócó. O Pedro conhece a Maria Monforte (o nome diz tudo, assim qualquer um cai); O Pedro redunda fortemente em forrobodós com ela; O Pedro zanga-se com o papá e foge de casa; O Pedro casa e tem filhos com Maria; O Pedro sente a cabeça mais pesada - é o que acontece quando uma mulher nos trai com um príncipe chamado Tancredo; O Pedro volta para casa - Eça de Queiroz tinha razão quanto à descrição do Ramalhete. A julgar pelos cornos de Pedro, as portas da casa eram mesmo grandes; Pedro suicida-se.
E é aqui que a coisa fica feia. O Pedro suicidou-se a tiro, deixando uma poça de sangue a escorrer pelo quarto. Ora, já não bastava o pai ter de levar com o regresso do filho e seus chifres, ainda tem de aturar a badalhoquice dele. Afonso, como eu te entendo. O Pedro teve a mesma educação que a minha cadela. Se bem que deve ser mais difícil limpar uma poça de sangue humana do que apanhar fezes caninas do chão. Seja como for, ambas as tarefas são uma valente bardamerda.
Agora digam-me, com base nesta mixórdia de situações fedorentas, qual o sentido da vida? Fezes! Tudo acaba em dejectos. A vida em si é um excremento. Neste momento, um entre muitos outros leitores, está a pensar que eu estou errado. Sabem aonde é que esse leitor deve ir? Pois, vêm como vai tudo desaguar no mesmo. Fezes!
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