Ó leitor,
chegue aqui…
Sabe do que
é que as gajas boas, aquelas me'mo me'mo boas, sabe do que é que elas gostam?
Não?!
Caros
plebeus desafortunados e desamados, elas gostam é do Dia dos Namorados, também
conhecido por Dia de São Valentim, ou como eu gosto de lhe chamar, Dia de
Redundar Fortemente em Forrobodós. As mulheres sempre foram grandes fãs de certames
desnecessários importados do estrangeiro. Comemorar o amor é só mais uma
estratégia para esvaziar a carteira do homem e aumentar o materialismo da
mulher.
Eu cá,
pessoalmente, vilipendio vivamente (apreciem a aliteração) esse dia. Se calhar é por isso que sou gajo.
Mas também, eu repudio fortemente tanta coisa. Uma delas é o facto de ninguém
ter esbofeteado as costas do Hitler com uma posta de bacalhau, seguida de três
alheiras no bucho. Até porque ele suicidou-se, ou seja, morreu fazendo aquilo
que mais gostava, que era matar. Tudo bem que ganhámos a guerra, mas foi ele
que se divertiu até ao fim.
Continuando, quanto ao amor, vamos por partes, a gente até a falar de amor pode-se perder.
Comecemos pelo nível mais elevado, o casamento.
Se casamento
é sinal de amor, porque razão sempre que um homem é assassinado, a primeira suspeita
é a mulher. E vice-versa, a esposa morre, imediatamente o marido é o primeiro a
ser interrogado em caso de homicídio.
Eu se calhar
até percebo. O casamento contém demasiado amor escarafunchado no papel e na
aliança. E todos sabem que o que é demais chateia, e por vezes, o amor em demasia
está mais propício a ser desvalorizado. Por exemplo, o Cristiano Ronaldo não
tem amor ao dinheiro. - E olhem que Ronaldo e dinheiro combinam na perfeição. - Se
tivesse tanto amor ao dinheiro como eu, não se punha a gastá-lo em drones para
depois fazer-lhes tiro ao alvo com bolas de futebol. Ou então não tem respeito
pela tecnologia.
Uma
curiosidade sobre o amor, sabem onde é que se fala redundantemente em amor?
Aulas de português, sobretudo agora que estamos a estudar a obra de Camilo
Castelo Branco, Amor de Perdição. Ao longo do décimo primeiro ano é possível
notar o quão diferente o Camilo é em relação aos outros escritores.
O autor, ao
contrário do Padre António Vieira que era louco por Deus, é doente por gajas. Se bem que as engata de uma forma pouco contemporânea. «Moça formosa» é uma
maneira muito panhonha de dizer: «Hmm, anda cá saltar à corda, gostosa».
Além disso, o Camilo
vai directo ao assunto, contrariamente ao Eça de Queirós que antes de incitar o
incesto e colocar tudo no coito selvagem (sim, porque Os Maias é uma mistura de Guerra
dos Tronos e As 50 Sombras de Grey -, mas sem a parte das chibatadas nas nalgas. - Malditos
americanos amantes do plágio e de nádegas de chichinha roxa), antes de todas
essas traquinices, ele descreve o IKEA – cada um leu à sua maneira - ao pormenor.
Não obstante, ao contrário do que se passa no IKEA, no Ramalhete não se vende LEGO
para adultos. No Ramalhete, os ricos lavam os seus testículos em chafarizes
(os seus saquinhos devem ficar realmente muito bem esfregadinhos. Quem dera às minhas miudezas).
Por fim, em comparação ao
Almeida Garrett, ambos são muito parecidos, contudo, o Camilo papou metade do
sexo feminino da sua época. Ele era o Sr.Fornicação, come tudo sem parar, lança
o dado, (Ups!) mais uma gaja tens de lhe dar.
Relativamente
ao personagem heróico, que de herói não tem nada, e ainda por cima chama-se
Simão Botelho (vê-se logo que os pais perderam numa aposta), digamos que ele é o
retrato romântico de um forcado. Sempre vestido com jaquetas, calças apertadas
e parcialmente esmiuçadas, e a gritar por um outro ser vivo na tentativa de o agarrar,
quando na verdade, tem tudo para acabar morto. E no caso dele isso aconteceu e até
teve sorte.
Se a história fosse realmente intemporal, se a forte religiosidade
se mantivesse, o Simão procederia à eutanásia, mas o desfecho seria muito mais melancólico
pois, segundo a Igreja, a eutanásia não permite a entrada no Céu. - Deus criou o
mundo e ainda tem tempo para fazer de segurança na discoteca divina.
Caso a
história se passa-se na América, não haveriam quaisquer baixas pois o Donald
Trump dir-lhe-ia das boas: «Botelho you're fired! Now go and grab Teresa by
the pussy!» De maneiras que tudo acabaria bem, ainda se dizimavam uns quantos
muçulmanos, e no final, os heróis ofereciam uma dúzia de latas de laca ao presidente.
No entanto, a intemporalidade da obra não se verifica nos tempos actuais sobretudo no que
concerne às estupidezes que o amado comete pela respectiva amada. Já ninguém se
suicida por amor como em Amor de Perdição, Os Maias, ou até mesmo Romeu e Julieta.
Hoje em dia, a namorada pede ao namorado («ó môr») que lhe envie selfies mordazes
que sensualizam a mocidade contemporânea. Como por exemplo, a inserção de um
lápis no orifício (o que nem faz lá muito sentido. Há coisas melhores para colocar no orifício, como uma caneta. Priorizem as esferográficas, elas são mais bonitas. A menos que sejam o Ederson, sendo assim não entra nada).
E para quê tudo isto? Facebook («Feicebuque»)! Pensava eu
que quando se estava apaixonado, um dos sintomas seria a contracção do esfíncter,
quando na verdade, quanto mais apaixonado, menos o olho fica resguardado.
É possível
formular vários provérbios adequados a esta contemporaneidade, dos quais:
- “Não olhes para aquilo que eu digo, atenta naquilo que eu enfio”;
- “Somos o que penetramos”;
- “Mais vale um recto perfurado que dois utensílios de escrita na mão”.
E assim concluo mais uma crónica para a vida. Eu até vos presenteava com
mais exemplos, mas tenho urgentemente de hidratar o meu esternocleidomastóideo.
Estou a brincar, eu somente queria – "inserir" – aquela extensa palavra de modo a
exibir o meu intelecto exacerbado. É assim que eu as engato, aprendi com o
Fernando Pessoa há uns anos atrás.
Nota: Já agora, tanto o Amor de Perdição como Os Maias foram vítimas de uma versão cinematográfica. Vejam, as narrativas de ambos os filmes têm mais buracos que um queijo suíço, é de rir às gargalhadas. Mas de cinema falo depois, aproximam-se os Oscars.
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