25.11.17

Crónica do Desassossego: mistifório de conselhos, questões raciais, constatações e muito mais

Esta crónica será dedicada a tudo e, consequentemente, a nada. Haverá mixórdia de conselhos e também miscelânea de constatações. Aqui vai o primeiro: A melhor estratégia de marketing de um artista é morrer. O número de discos vendidos triplica sempre que o músico em questão falece. Pena que só o possa fazer uma vez.




  • Nudes são o oposto das desculpas. Pedem-se, não se evitam.


  • Se a vida te virar as costas, aproveita e apalpa-lhe o rabo. Corres é o risco de ela te acusar de assédio. Ainda para mais agora...

  • Estudar nunca matou ninguém, mas... Para quê arriscar, não é? Prefiro jogar pelo seguro.

  • Tenho pena das pessoas que aproveitaram os saldos para comprarem roupa de Inverno. Agora têm de andar ao Sol, com 25 graus, de cachecol. (Esta piada resultava melhor há umas semanas atrás. Agora sabe bem o quentinho, sobretudo estar ao quentinho a ver pessoas ao frio. Parece que ainda fica mais quentinho).

  • Suspeito que os meus pais se andem a trair um ao outro. Só hoje, 10 pessoas diferentes se dirigiram a mim como "mano".

  • Na publicidade da Popota, o verso "Ela é linda neste Natal, yeah" quer na verdade dizer "Ela esteve feia em todos os outros Natais anteriores, yeah". Poesia...

  • Os programas de "comentário futebolístico" são ainda mais hardcore que o confessionário do Secret Story.

  • Há quanto tempo o leitor não "faz um galo"? Quando eu era novo fazia-os a toda a hora, andava sempre à cabeçada. Alguns nem sabia como os fazia.

  • Por coincidência do diabo, no lugar do morto é onde as pessoas costumam morrer na estrada (recentemente, uma até levou com 40 balásios). Será mais perigoso conduzir ou ir ao lado de quem conduz?

  • Tantos anos depois, finalmente percebi a moda das "calças descaídas". Quando a minha melhor peça de roupa são os boxers, também me dá vontade de os desfilar.

  • O Chagas Freitas vender mais que o Lobo Antunes é como o 50 Sombras de Grey vender mais que um filme do Tarantino. É triste. (A comparação resulta também com Gustavo Santos ou Nicholas Sparks).

  • Toda esta questão dos assédios sexuais mostra o quão somos sensíveis, generalistas e não diferenciamos crime de estupidez nem distanciamos a obra do autor. Não vou tocar mais neste assunto (Ah! Tocar. O C.K. fá-lo muitas vezes), vou só deixar aqui a minha tese conclusiva sobre este tema: A terceira guerra mundial vai ter origem num piropo. Ou numa dick pick mal enviada.

  • O problema do adultério é que há homens que pensam que se resolve com violência. Partiu-te o coração, colocou-te os palitos? E agora, vais-lhe dar uma cabeçada? Não. A única solução é seguir em frente. Ou escrever uma música e vender milhões com o facto de ela ter sido uma cabra contigo.

  • As pessoas hoje em dia são tão exigentes que se torna difícil ser simpático. Nós dizemos "boa tarde", elas rematam um "boa tarde o raio que te parta, eu ainda não comi, logo ainda é bom dia". Nesse caso, em África seria sempre "bom dia". Isto segundo o meu irmão que, pela maneira como come, deve ser sempre "boa noite", ou melhor, "até amanhã".

  • Ser mulher traz vantagens no cinema. Eu levo sempre a minha aguinha para dentro da sala e já vou com medo que algum grandalhão não me deixe entrar dado que a trouxe de casa. As mulheres, por contrário, levam tudo dentro do saco e entram sem problemas. A meio do filme são capazes de tirar uma lasanha de uma bolsa e começar a comer. E eu feliz por ter passado com a minha aguinha que trouxe de casa.

  • Quando estamos falidos, o Banco ainda faz questão de nos lembrar que falidos estamos. "Os seus fundos são insuficientes" Oh! Uma maneira diferente de ver as coisas, obrigado. Obrigado por me lembrar que sou pobre! Oh! Não fique chateado comigo. Eu não escolhi não ter dinheiro para o enervar. É assim que as coisas são e quem tem de ficar chateado comigo mesmo sou eu, caramba! Vá, adeus, vou vender o meu telemóvel a ver se lhe consigo pagar em breve. Enquanto isso, vá continuando a tirar-me dinheiro que obviamente não preciso e dê-o a alguém rico que sem dúvida necessita dele bem mais que eu.

  • Se estou triste, gosto de ver o lado positivo da minha vida: sou branco. Posso viajar no tempo para o ano que quiser e serei sempre bem recebido. Adoro ser branco. Se tivesse que escolher, escolheria ser branco. Não digo que ser preto seja mau, só não é tão bom como ser branco. E também não digo que os brancos, por serem brancos não possam queixar-se. É claro que podem. Mas os pretos podem ainda mais. Têm mais motivos. Eles podem queixar-se de terem sido escravos por tantos anos. Nós, quanto muito podemos queixar-nos de quando terminou a escravatura e ficámos sem escravos. Que pena, agora não temos ninguém para nos servir uvas directamente à boca.

Nota: Se preferirem ler esta última parte substituindo a palavra "preto" por outro sinónimo, é convosco, nada apagará o mal que lhes fizemos. Além disso, o politicamente correcto não é a minha praia. Um beijo com muita saliva para todos os leitores. Vá, agora limpem isso e se forem à Black Friday levem capacete. Nem nos jogos olímpicos há tanta competição. Comprar algo na Black Friday e voltar vivo é tão ou mais difícil do que pôr a minha avô a dizer pâncreas correctamente. Já se passaram dois dias e ela continua empancada em "panclas".