30.8.17

O bom filho a casa torna

Eu só espero é que não tenha de morrer ninguém para abrirmos os olhos. Até porque os anos passam e eles voltam a fechar-se. Ser Charlie infelizmente só esteve na moda enquanto rendia "gostos" na foto de perfil.


Nota introdutória: Esta crónica marca o regresso das crónicas humorísticas ao blog e Jornal TVS. Estou de volta! Cheio de novidades! Estejam atentos porque irei publicar conteúdo novo sem data estipulada. Vou-me armar em herói (anti-herói). Sempre que a humanidade estiver em perigo, eu irei atacar com este "GRANDE" poder que é o humor. Geralmente, para piorar ainda mais a situação. Poderei, eventualmente, acompanhar o texto com um vídeo, por exemplo, e sobretudo com uma espécie de cartoon. Uns rabiscos como podem ver pela imagem desta crónica. Agora fará ainda mais sentido a comparação entre Língua do Diabo e Boca do Inferno, sendo que eu farei tanto a parte do Ricardo Araújo Pereira como a do João Fazenda, mas com muito menos prestígio. Da vossa parte, espero que sigam o blog e se divirtam. Agradeço que comentem a vossa opinião sobre cada crónica nos comentários, em baixo, ou deixem as vossas eventuais sugestões, e partilhem. Se não incomodar, é claro. Ajuda imenso. E agora vamos ao que interessa que esta bandalheira já foi um desperdício de tempo.

Estimados leitores, estamos de volta. As férias foram boas? As minhas foram. Isso é que interessa. Viajei, conheci novas terras, novas pessoas, presenteei ódio, frequentei bons certames onde festejei muito e dancei muito e bebi muito, frequentei óptimos fóruns e discussões onde presenteei ódio, andei soterrado de livros, filmes, séries, músicas, esperem!, eu já vos disse que presenteei ódio? É que presenteei-o mesmo. Já não bastava a pressão das malas e horários nas próprias férias, como também presenteei ódio nas férias? Instalou-se ódio por todo o lado. Por causa de labirintos (não culpem a Porto Editora, a Comunicação Social é que precisa tanto de escândalos como um asmático precisa de um inalador), PSEUDOfeminismo, touradas, religião, futebol, letras musicais levadas demasiado à letra, mas o que mais indignou foi uma piada. Num mundo cada vez mais ameaçado pelo avanço da extrema-direita, racismo, e até mesmo nazismo, o que mais irrita o povo é uma piada. Está certo. Eu próprio saí em defesa dessa piada da autoria do João Quadros - aprecio-o como humorista e tive o privilégio de trocar algumas palavras com ele que disse gostar deste blog. - Eu não vou tomar muito tempo com isto, até porque isso implicaria falar de liberdade de expressão e dos limites do humor e... Zzzzz... Desculpem, adormeci por instantes. Falar sobre os supostos "limites do humor" é como atravessar a auto-estrada a pé. Faz tanto sentido como fidget spinners na pornografia e é tão relevante como ananás na pizza.

Eu só espero é que não tenha de morrer ninguém para abrirmos os olhos. Até porque os anos passam e eles voltam a fechar-se. Ser Charlie infelizmente só esteve na moda enquanto rendia "gostos" na foto de perfil. O Nuno Markl saiu do Facebook porque, vejam só, é amigo do Quadros. O Markl, uma das mentes mais criativas de sempre e um completo paz de alma, é um sortudo no humor na medida em que tudo lhe acontece, e um azarado nas redes sociais pois é vilipendiado por tudo o que acontece. Ainda me lembro da onda de ódio que foi na Internet quando 6, ou mais, anos depois alguém descobriu que ele disse, após uma piada do José Cid, um simples "Ah! Ah!". Mas não será isto uma evolução? Antigamente, defrontava-me com matulões que incitavam violência só por olharmos para eles. Hoje em dia, o ódio está todo concentrado atrás de um ecrã e provem de indivíduos que, na vida real, são uns cobardes. A vida é bela...

Em poucos dias já ouvi malta a afirmar que o Hitler era de esquerda e a responderem à ameaça do ISIS com um ignorante "ainda bem que sou ateu". Não. Se eles invadirem o nosso país maioritariamente cristão, não se darão ao trabalho de te perguntar se és cristão ou não antes de te encherem de chumbo nos miolos. Aliás, na eventualidade do teu ateísmo vir escrito na testa, serias o primeiro a quem limpariam o sebo. Para terminar, para aqueles que não entenderam a piada do Quadros, ele referia-se ao discurso do Passos Coelho. Já agora, segundo ele, não é "qualquer um" que pode viver em Portugal. Quererá com isto dizer que irá fazer as malas? Engraçado. O Passos não quer "qualquer um" a viver em Portugal. No entanto, qualquer um quer o Passos fora daqui o quanto antes

P.S. - Se quiserem continuar a repudiar a minha opinião, que ao contrário do que os indignados do Facebook e Twitter pensam, vale tanto como a de um suricata, enviem um e-mail. É favor não me ligarem para o telemóvel. Não só é provável que não saibam o meu número e eu esteja ocupado a ler obras interessantes alapado no sofá, ou a ver belas películas no cinema (não as caseiras), como também garanto que, em altura de férias e muita festarola, quando atendo o telemóvel sou pior que a SIRESP. Perguntem aos chatos da NOS. E ajudem os bombeiros. Incêndios há todos os ano, ajudar é que não me parece.